Provedores de Saúde capacitados em técnicas de Envolvimento Comunitário em Tete.
Moçambique continua a ser o país com maior taxa de seroprevalência de HIV na África Austral, onde se estima que 2.2 milhões de pessoas estejam infetadas com HIV, segundo dados do Espectro em 2019.
Entretanto, até Dezembro de 2020, pelo menos 70% das pessoas vivendo com HIV é que conheciam o seu sero-estado, das quais 60% é que estavam em tratamento antirretroviral, e somente 45% é que tinham alcançado a supressão viral, mostrando claramente o desafio no cumprimento das metas 90 90 90. Estes dados foram partilhados, ontem, na cidade de Tete, pelo Director Provincial de Saúde, Alex Bértil, a margem de uma formação de Formadores Distritais em matéria de APSS e Envolvimento Comunitário. Para Alex Bértil, estas formações de provedores de saúde tem uma razão de ser: Servem para reforçar o apoio psicossocial, que é uma componente muito importante para retenção dos nossos pacientes nos cuidados e tratamentos, até porque:
“A retenção e adesão de pessoas vivendo com HIV nos cuidados e tratamento é uma das dificuldades que a província vem enfrentado, vai dai que, a DPS em parceira com ICRH-M, através da subvenção NMF3 do Fundo Global, forma estes actores para dar avanço a um projecto, em que vão ser alocados activistas ao nível das Unidades Sanitárias e na Comunidade para intervenções baseada na comunidade, para aumentar a adesão e retenção de pacientes HIV. O maior calcanhar de Aquiles nesta componente tem sido o estigma e a descriminação que concorrem de forma muito negativa para baixa adesão e retenção destes pacientes”, clarificou Fernando Rungo, Ponto Focal Provincial de APSS, ATS e ITS na DPS e também co-facilitador neste treinamento.
São ao todo 13 provedores de saúde, de entre eles Pontos Focais de ATS, de Envolvimento Comunitário e Pontos Focais de APSS, em representação de 7 distritos da província de Tete, que durante 3 dias vão fortalecer as suas competências técnicas e metodológicas para desempenharem o papel de formadores distritais em matéria ligada ao aconselhamento e testagem e saúde, bem como a prevenção e reintegração dos faltosos e abandonos. O Director da DPS lembrou aos presentes que esta é uma missão bastante forte e que exige envolvimento de todos para que os temas aqui abordados sejam assimilados, para que a réplica, nos distritos, seja feita com qualidade. Mais adiante, Alex Bértil deu o ponto de situação da província em relação a esta componente de adesão ao tratamento.

“A província de Tete possuía até 2020 uma taxa de retenção aos 12 meses em 72%, o que revela de certa forma os desafios que assombram o programa de HIV no geral, e em particular as pessoas vivendo com HIV Sida. São vários factores que contribuem para baixa adesão e retenção, nos cuidados e tratamentos das pessoas vivendo com HIV Sida, mas todos eles despertam a necessidade de inclusão, estratégias de apoio aos pacientes, de modo que os mesmos se adaptem de forma mais natural possível, a nova forma de viver a partir do momento em que a pessoa é diagnosticada com HIV e reconheça como agente principal da sua própria saúde. Este é o momento certo para que de forma objectiva identificarmos as soluções e barreiras que temos enfrentados no dia-a-dia, no nosso programa, para o alcance dos melhores resultados, como devem calcular, programa de HIV é um programa robusto, a par da malária, por exemplo. Esta formação deve ser reforçado com resultados baseados em evidências, na melhora da qualidade dos serviços, dos nossos utentes, que são os grupos alvos nas comunidades reforçando o sistema com base nos princípios e cuidados de saúde primária. Pretendemos com esta formação, que a assistência prestada pelos provedores esteja focada em responder as particularidades dos nossos utentes, no que tange aos desafios de adesão e retenção dos pacientes em TARV, primando pela qualidade assistencial, o que culminará na potencialização da qualidade de vida dos indivíduos nas comunidades”, lançou o desafio, Alex Bértil, aos formandos de APSS e ATS.

Sandinho Faustino Robat, Responsável de Envolvimento Comunitário no Distrito de Moatize, olha para esta capacitação com muito agrado, até porque veio em boa hora, numa altura em que Moatize regista uma tendência decrescente de casos de HIV, apesar de ser um corredor e com actividade sexual muito activa. Este ganho deve-se a testagem massiva, graças ao trabalho de activistas em concluo com a formação dos comités de saúde nos pacotes de adesão e serviços TARV, para a localização dos faltosos e abandonos dentro da comunidade e que esses membros sensibilizem a população para retornar a US e continuar com o tratamento, melhorando a qualidade de vida dos mesmos. Porém, Segundo Sandinho, Moatize espera melhorar as estratégias do envolvimento comunitário assim como no processo de engajamento masculino, tendo em conta que os homens é que são mais problemáticos para puder aderir os serviços TARV em relação às mulheres.
“O maior desafio de Angónia está na retenção ao TARV, onde também verificamos a pouca presença do homem quer nas consultas ou no levantamento do medicamento. Até para efeitos de exames há que ir até a comunidade, para colheita de carga viral”, disse Muanassa Cassamo, Ponto Focal de APSS – ATS em Angónia.
“Com esta formação vamos intensificar as nossas abordagens, teremos mais apoio e assistência, porque o programa e o projecto está mais orientado a comunidade, o que é muito bom”.
Herculano Nhamússua, Coordenador do Projecto no ICRH-M, esclareceu por sua vez que este é este é o novo projecto, que está inserido na província de Tete e é implementado pelo ICRH-M, em parceria com CCS, com fundos do Fundo Global. O projecto vai trabalhar na componente de adesão e retenção no Global, devendo abranger 12 distritos da província com objectivo de fortalecer a ligação entre a Comunidade e a Unidade Sanitária através de intervenções combinadas que contribuem para a reintegração de pacientes faltosos e abandonos e o aumento da retenção dos pacientes em tratamento para a Tuberculose e HIV, contribuindo deste modo para redução do peso da TB e HIV no país.
