O Projecto Inspire que é essencialmente, um estudo com abordagens inovadoras para o bem-estar perinatal das adolescentes, entra agora para a segunda fase de implementação, onde vai idealizar e refinar os resultados alcançados na fase anterior. Tudo isto antes de chegar à fase de teste piloto das constatações encontradas ao longo da pesquisa. Por isso, nesta sexta-feira, 09 de Setembro, decorreu em Moatize, distrito de implementação deste estudo, um encontro com parceiros da Saúde, lideranças comunitárias e distritais para apresentar o ponto de situação do projecto, e convidar as outras organizações que se possam identificar com a intervenção do INSPIRE para as sinergias necessárias.
Por exemplo, na fase um, de empatia e definição, onde para além de recolha de dados, foram realizados pelo menos quatro workshops de compreensão do problema, que tem que ver com a saúde mental durante o periodo peri-natal das adolescentes grávidas e lactantes, o estudo constatou, surpreendentemente, como resultado, relatado pelas raparigas que:
- Há cobranças ilícitas para terem assistência no trabalho de parto e acesso a métodos de planeamento familiar, Violência psicológica por parte dos profissionais de Saúde no atendimento, estas sofrem violência psicológica e física por parte dos familiares pelo facto de terem angravidado e, muitas delas estão em casamentos prematuros forçados e orquestrados pelos Pais, revelam falta de conhecimentos sobre a gravidez e falta de condições básicas para o autossustento para além, obviamente do estigma e a descriminação, só para citar alguns.
Para se chegar a estes resultados, o estudo usou um método qualitativo centrado em (Entrevistas em profundidade; Photovoice; Caminhadas Espirais e Grupo de Discussão Focal) combinadas com abordagens Centradas no Ser Humano (HCD) que essencialmente passa por realizar workshops. O projecto trabalhou com uma amostra de 20 adolescentes grávidas e lactantes dos 15-19 anos de idade, como foco principal do estudo, porém, adicionalmente, trabalhou com Parceiros ou maridos destas raparigas, Familiares (ambos sexos), Mulheres jovens dos 20 aos 24 anos, Provedores de Saúde e Influenciadores comunitários do distrito de Moatize, concretamente na cidade e a comunidade de Cateme. Esta adição de mais alvos no estudo deve-se ao facto de reconhecer que estas adolescentes dos (15-19 anos) convivem com outros indivíduos que são afectados e influenciam de forma directa e indirecta nos desafios que as adolescentes enfrentam. O objectivo é compreender dos desafios, as necessidades e as prioridades das adolescentes dos 15 aos 19 anos de idade para manter a boa saúde mental durante a gravidez e um ano após o parto.
Presente na apresentação do ponto de situação, a Direcção Provincial de Saúde de Tete, já vê nichos de reflexão dentro do sector da saúde para resolução dos factos arrolados. Por outro lado, as organizações também presentes, como a Kupulumussana, que trabalha com mesmo grupo alvo, enxerga uma linha de parceria que se pode ter n condução de melhores intervenções. Enquanto isso a RAMBOG, que congrega grande parte de associações da sociedade civíl em Moatize, se predispôs a colaborar e a partilhar toda informação necessária para o sucesso desta pesquisa que está a trabalhar em uma área tão sensível quanto é a saúde mental.
Vale lembrar que o projecto Inspire, com este tudo, como objectivo macro quer desenvolver um pacote de intervenção de promoção da saúde mental para adolescentes grávidas e novas mães com idades entre 15-19 anos vivendo em Moçambique ao longo de um período de dois anos. O projecto que começou em 2020 vai até 2024. É implementado pelo ICRH-M, em parceria com a DPS/SPS e SDMAS de Moatize. Financia o projecto a King´s College London.
