“Conversa inspiradora” – é o nome do evento que decorreu ontem, em Maputo, para marcar o fim de uma campanha denominada Embaixadora por um dia, que teve início no mês da mulher, em março, com o propósito de advogar pela Igualdade de Género, Empoderamento económico e fim de Uniões prematuras em Moçambique.
Pelo menos seis missões diplomáticas acreditadas em Moçambique, nomeadamente, Finlândia, Países baixos, Canadá, Suécia, Bélgica e Reino Unido estiveram envolvidas nesta iniciativa que visa contribuir para a redução das uniões prematuras em Moçambique, potenciando raparigas para que sirvam de exemplo em suas localidades ou províncias. Neste sentido, inserido na campanha de embaixadora por um dia, seis raparigas, em representação das províncias de Manica, Maputo, Sofala, Nampula, Cabo Delegado e Niassa, contaram na primeira pessoa esta experiência, actividades levadas à cabo neste período e a visão delas para o futuro, o que arrancou da plateia, composta por representantes de missões diplomáticas, parceiros de governo, sector privado e academia, palmas intermináveis com as histórias motivacionais e experiências vividas nesta luta pela emancipação da mulher.
Lágrima António, Embaixadora por um dia, em representação da Suécia, falou dos desafios da sua província de Niassa que passa pelos ritos de iniciação, acesso a educação à apoio a pequenas iniciativas das mulheres para alavancar o poder destas para o desenvolvimento da província.
Enquanto isso, a Missão Diplomática da Bélgica e o Governo de Flandres em Maputo encontrou na Alegria Erineu, de 21 anos de idade e natural do distrito da Moamba, na província de Maputo, o perfil certo para ser a Embaixadora desta Missão por um dia. Alegria teve a oportunidade de partilhar a sua mensagem sobre o problema da gravidez precoce e casamentos infantis em Moçambique.
Alegria Erineu destacou-se ao actuar como activista no projeto “Bate-Papo sem tabus” implementado pelo Centro Internacional Para Saúde Reprodutiva – ICRH-M e financiado por Governo de Flandres. Sonha em formar-se em Sociologia e neste âmbito, a sua mensagem enquanto Embaixadora do Gabinete Diplomático da Bélgica e da Delegação da Flandres em Moçambique é:
” O acesso a informação é tudo, é o primeiro passo para a mudança, por isso, nas minhas actividades continuo a dar palestras nas escolas, igrejas, onde há maior concentração de adolescentes e jovens para falar dos direitos e saúde sexual e reprodutiva. Para mim, ser embaixadora por um dia é uma honra, e nesta qualidade, meu maior sonho é ver raparigas e adolescentes do meu bairro, do meu distrito e do pais no geral livre de abusos e violências. Para isso, é importante que haja leis que protejam as raparigas e que estas leis sejam efetivamente executadas”.
É mesmo a propósito desta conversa inspiradora que o ICRH-M, expôs no mesmo evento diversos materiais de comunicação e informação produzidos no âmbito da implementação do projecto bate papo sem tabus, na província de Maputo, concretamente nos distritos de Moamba e Magude. Este material é constituído por diversos panfletos, brochuras que reforçam o conhecimento do adolescente nesta matéria e destaque vai para o guião de facilitação de diálogos comunitários (DC) sobre a saúde sexual e reprodutiva (SSR) entre pais e filhos, que visa apoiar as intervenções de engajamento comunitário para a melhoria da comunicação positiva entre adolescentes e adultos-chave sobre SSR do adolescente ao nível das famílias e comunidades.
Várias personalidades presentes no evento não quiseram perder a oportunidade e levaram consigo vários destes materiais, e não faltaram perguntas de curiosidades que foram prontamente respondidas pelo Elísio Maxlhuza.
Vale lembrar que “Bate-Papo Sem Tabus”, financiado pelo governo de Flandres, tinha como objectivo melhorar a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos (SDSR) dos adolescentes, com especial atenção para as raparigas e rapazes dos 10-14 anos, através da redução da gravidez na adolescência, abortos inseguros, prevenção de novas infecções por HIV e ITS, redução de violência baseada no género e mudanças nas políticas e normas sociais nocivas (como as uniões prematuras). Em simultâneo procurou envolver pais e cuidadores, membros influentes da comunidade, professores e provedores de saúde no reforço do sistema nacional de saúde e educação, para a provisão de serviços de qualidade e amigáveis aos adolescentes, nas unidades sanitárias e escolas. Incluiu ainda a comunicação para a mudança de comportamento social, lobby e advocacia para a melhoria das políticas e práticas de SSR.
Não deixe de acompanhar aqui, todas as intervenções das embaixadoras por um dia, nesta conversa inspiradora.
